A CHAMADA "DESCOLONIZAÇÃO" ASSENTOU EM LEI ANÓNIMA AQUANDO DA EXISTÊNCIA DE GOVERNOS PROVISÓRIOS SEM LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL.

O PROCESSO DA TRAIÇÃO: Este poderia muito adequadamente ser a designação de causa posta em tribunais sobre a (descolonização exemplar). Talvez mais expressiva do que a da cadeia, será - O JUÍZO DA HISTÓRIA -.

O PROCESSO DA TRAIÇÃO:

E O FIM HISTÓRICO DE PORTUGAL.

Os comunistas e os socialistas portugueses falam dos 229 dias para abater o fascismo em Portugal, desde 9 de Setembro de 1973 até ao golpe de estado militar de 25 de Abril de 1974, isto é, desde o dia em que 136 capitães, tenentes e alferes, transportando-se burguesmente nos seus carros e em carros dos seus camaradas, se reuniram secretamente num palheiro de uma rica propriedade rural do Alentejo, pertencente à família de um deles, para falarem das suas reivindicações profissionais, até ao dia em que eles fizeram o golpe contra a Nação. 
A História falará dos 229 dias da incubação da traição. O golpe de estado de 25 de Abril, a que primeiro eles começaram por chamar o «movimento dos capitães» seguindo-se o nome «Movimento das Forças Armadas» («M.F.A.»), terminando por «Revolução dos Cravos» começou por um descontentamento mercenário que abriu fendas na disciplina militar e que, a um certo momento, dada a extensão da indisciplina, procurou revestir-se de uma explicação política conferindo-lhe, aos olhos da Nação, do povo, e do mundo uma aparência de honestidade e de significado nacional. 
Os delineamentos da crua realidade, o que não chegou ao conhecimento do povo português e do estrangeiro, senão sob aspectos intencionalmente mal definidos, ou muito furtivos ou, moralmente disfarçados. O número de cadetes, frequentando a academia militar donde saíam os oficiais do quadro permanente, diminuía consideravelmente, o que criava problemas, dada a existência do “terrorismo” no Ultramar. A insuficiência de capitães e de oficiais subalternos obrigava o governo português, presidido pelo prof. Marcello Caetano, a recorrer aos oficiais antigos milicianos, isto é, ao quadro complementar vindos da condição civil, estudantes universitários e alguns tendo mesmo já os seus diplomas de nível superior, os quais já tinham feito o serviço militar, no Ultramar com o posto de alferes. 
Eles tinham sido colocados na reserva com o posto de tenentes e, alguns, de capitães. Estes oficiais milicianos, se quisessem entrar no quadro permanente, frequentavam um curso intensivo de dois anos na academia militar, após o qual eram integrados no quadro permanente como alferes graduados em capitães. Ora, os cadetes da academia militar frequentavam o curso normal de quatro anos que lhes dava o posto de alferes. 

Havia apesar de tudo um sistema moral de compensações - justificáveis - porque o miliciano acabava o curso intensivo lá pelos 25-35 anos, enquanto que o cadete acabava o curso normal por volta dos 20 anos , o miliciano integrado no quadro permanente entrara na academia militar com uma preparação universitária parcial, ou até completa tendo obtido o respectivo diploma, enquanto que o cadete entrara apenas com uma preparação liceal. O miliciano já tinha passado pelo Ultramar e ia pela segunda vez, enquanto que o cadete, é evidente, não tinha ainda estado lá. Mas, o que era decisivamente importante, e de uma importância moral inegável, é que a Pátria sustentava uma guerrilha que lhe era imposta, o que justificava medidas transitórias e de circunstância com o fim de suprir a falta de oficiais. Os militares que, após o 25 de Abril e o desastre económico que a sua incompetência provocou, fariam apelo, eles próprios, aos sacrifícios da Nação, não quiseram compreender as graves circunstâncias especiais relativas ao acesso do miliciano ao quadro permanente. 
Os militares exigiam, por exemplo, que os oficiais que foram milicianos (e que tinham frequentado a academia militar entre os 25 e os 35 anos), não fossem promovidos a capitães, sem que os oficiais vindos dos cadetes e que terminaram os cursos da academia militar aos 20 anos, não tivessem sido promovidos a capitães. E, falando do «prestígio do exército», das «perspectivas finais» de uma carreira militar «atraente» [1]. Os «capitães» colocaram todo o problema de um modo puramente mercenário: em causa estavam exigências de salários mais deslumbrantes e outras regalias para os seus futuros. Esta passagem é tirada de um anexo à circular do movimento dos capitães, datada de 23 de Outubro de 1973, isto é, seis meses antes do golpe de 25 de Abril. Até àquela data, a indisciplina ligada às reivindicações mercenárias tinha-se limitado a ameaçar o governo com a demissão colectiva dos oficiais de todas as graduações e de todas as armas, segundo se lê nos n˚s 8 e 11 da circular de 23 de Outubro de 1973. A ideia de defender a Pátria tinha sido posta de lado. Como fazer desta vergonha um caso justificável perante a Nação? Só a partir de 24 de Novembro de 1973 é que o tenente-coronel Ataíde Banazol, que devia partir dentro em pouco, em serviço militar para a Guiné portuguesa, sugere numa reunião de capitães, a viragem do comportamento mercenário ao comportamento político com a ideia de uma intentona contra o Estado. Ele queria que imediatamente se agisse, e apresentou o seu programa que não foi aprovado, mas a ideia de uma politização civil no seio destes militares espalhou-se constantemente: «explicava-se pelo facto de o seu Batalhão seguir para África antes do fim do ano. 

Mais tarde, já na Guiné, o tenente-coronel Banazol leva a sua impaciência ao ponto de contactar os camaradas do grupo, no sentido de tomar conta de Bissau e fazer negociações directas com o PAIGC» [2]. Tudo isso mostra, antes de mais, a extensão da indisciplina dos oficiais desse grupo que, não contentes em se oporem à maneira pela qual os milicianos eram integrados no quadro permanente, negociavam segundo a lei da oferta e da procura, em que o comprador era o governo que representava a Pátria, a Nação que pagava, e em seguida, mostram o deslizar para a política, enganando os mais ingénuos, através de uma estratégia que, é necessário dizê-lo, não conquistou imediatamente a compreensão de todos os oficiais. O major Sanches Osório, que fez parte desse grupo e, é hoje, um dissidente desiludido e um exilado político, diz no seu livro publicado em Espanha, referindo-se a um momento em que a ideia política estava já lançada, que o major Vítor Alves tinha apresentado um programa que continuava a ser; «uma síntese dessas reivindicações... Já não podia limitar-se ao facto de propor aumentos salariais ou melhoramentos nas condições sociais [condições sociais dos militares]» [3]. Tratava-se já de uma espécie de obsessão ao nível do homem-massa, no pior sentido desta expressão, que se não poderia fazer aceitar à Nação senão através de uma politização. E esta politização não podia deixar de ser a que se opunha ao Estado vigente. Se este regime fosse uma democracia pluralista ou um socialismo, tendo por tanto outro contexto de acção político-social, a indisciplina mercenária militar finalizaria na institucionalização do comunismo com forma de regime autoritário, ou seja, um levantamento militar que atentou contra a Pátria tomando o poder pelas armas. É inegável que o processo da traição desenvolveu-se em duas fases bem delimitadas: o da reivindicação profissional, de 9 de Setembro a 24 de Novembro de 1973, passando á politização, de 24 de Novembro de 1973 a 25 de Abril de 1974. A prova disso está no facto de os oficiais vindos dos milicianos, e nos quais predominavam as ideias esquerdistas, se oporem às reivindicações dos oficiais vindos dos cadetes da academia militar, uns e outros se insultando mutuamente e constantemente. 

Os oficiais vindos dos milicianos alertavam a Nação e pediam para os chefes militares tomarem um atitude de firmeza; «para com aqueles que leviana, injustificada, discriminatória e anti-regulamentarmente estão a minar o moral, a cavar fossos, a cortar amarras, a criar castas no seio do exército que tem sido unido e que só de o ser, tem permitido que a barca Nacional corte rectilineamente os ventos da história» [4]. Notemos neste texto que os seus autores, considerados como sendo os mais esquerdistas, baptizam de ultra-direitistas os oficiais vindos dos cadetes e gabam-se de serem os defensores do Ultramar Português! Por outro lado, os «capitães» chamam «capatazes de guerra» aos milicianos, considerando-os como oficiais de qualidade inferior [5], e reivindicam, também os títulos de principais defensores do Ultramar!: «Mais do que ninguém em Portugal têm desde a primeira hora do conflito em que a Nação está empenhada, contribuído para a sua perenidade» [6]. Tudo isso pertencia, portanto, à fase da reivindicação profissional desencadeada pelos «capitães», em que a linguagem patriótica parecia ser o mínimo necessário para se manter a decência militar. No entanto, o carácter de tipo mercenário das reivindicações comprometia visivelmente uma linguagem de patriotismo e de «prestígio» das forças armadas, precisamente no momento em que a Pátria exigia o sacrifício e a compreensão. O interesses sobre carreiras profissionais dominou sobre os interesses da Pátria. Praticamente, foi só a partir do mês de Dezembro de 1973 que começaram a orientar as reivindicações «para qualquer coisa de mais vasto, de mais largo do que as simples reivindicações profissionais» [7]. Uma vez que este caminho foi seguido pelo grupo fraccionário, tudo agora vai exibir um aspecto novo. A infiltração dos oficiais esquerdistas, comunistas, socialistas, vai conduzir a indisciplina mercenária total do movimento (que, aliás, trabalhava já no seu seio a traição) à mais abominável e vergonhosa traição que a História conhece e, é isso que vai conciliar ao nível político, os oficiais milicianos comunistas e esquerdistas e os oficiais do quadro permanente também comunistas e esquerdistas, enquanto que eles se opunham ao nível das reivindicações profissionais. 
Mas a Nação na sua enorme maioria não é comunista, e apenas deseja uma democratização segundo o exemplo das nações do mundo ocidental e livre. Mantêm-se portanto certas aparências tácticas através de um plano de mentiras: falar-se-ia ao país e à opinião internacional em termos de uma democracia pluralista (para a parte europeia de Portugal), e de uma autodeterminação descolonizadora (para o Ultramar Português) que seria sistematicamente falseada. Após a rejeição do programa redigido, ou praticamente redigido pelo major Vítor Alves, o major Melo Antunes, ligado ao «Movimento Democrático Português» (que se transformou em satélite do «Partido Comunista Português»), e que pretendia o abandono puro e simples do Ultramar, sem autodeterminações e sem discussões, abandono simplesmente de territórios e povos, redigiu um novo programa - onde interveio uma comissão constituída por oficiais esquerdistas, nos princípios do mês de Abril de 1974, o movimento dá conhecimento deste programa aos generais Costa Gomes e António de Spínola que sugerem algumas alterações, declarava que a solução no Ultramar era política e de maneira nenhuma militar, do livro do General Spínola [8]. 

Havia que defender uma solução digna e de uma grande importância histórica, sobretudo após a situação de facto criada pelo 25 de Abril; mas isso opunha-se aos planos de apropriação do movimento dos capitães pelos esquerdistas e comunistas - o que era o essencial para estes, e que estava acima, para estes também, da ideia de Pátria. E assim o trama desenvolveu-se fora do conhecimento da Nação até ao momento em que o movimento das forças armadas tomou o poder e tirou a máscara. Mas o esboço do processo da traição não apresentaria todas as suas essenciais linhas, se não se falasse do que se sabe do comportamento destes dois generais durante os meses e os dias que imediatamente precederam o golpe de estado: o comportamento do general Costa Gomes com a ideia preconcebida da traição (os factos confirmaram-na) que vai até romper com o seu maior amigo, o general Spínola: e o comportamento deste último general que, pela sua boa fé, pelas suas lamentáveis fraquezas, pela exagerada confiança nele próprio e no seu carisma, julgando-se capaz de dominar e controlar finalmente os acontecimentos, deixou-se apanhar nas armadilhas que os outros lhe arranjaram. Dois meses antes do golpe de estado de 25 de Abril, o general Spínola reafirmou a Marcello Caetano que era: «um militar disciplinado que não participava em conspirações nem dava golpes de Estado», e o general Costa Gomes dizia pessoalmente a Marcello Caetano que este devia: «continuar a fazer o sacrifício de estar no governo». 
No dia 14 de Março (mês e meio antes do 25 de Abril), o general Costa Gomes, aderia, como praticamente todos os oficiais generais que foram pessoalmente prestar fidelidade ao governo, ao princípio que as forças armadas deviam subordinar-se à realização dos objectivos nacionais fixados pelos órgãos que a constituição reconhecia; simplesmente «tinha relutância em vir publicamente tomar um compromisso em nome das Forças Armadas sem as consultar, muito embora concordando em que o princípio fazia parte da ética militar (mas, argumentava, por isso mesmo não era preciso reafirmá-lo)», e o general Spínola explicava a sua ausência pela «fidelidade que julgava dever ao seu chefe imediato» que era o general Costa Gomes, chefe do estado-maior general, Spínola sendo o vice-chefe [9]. Ora, desde o dia 5 de Março de 1974, para não citar senão datas incontestáveis ou incontestadas até hoje, Costa Gomes e Spínola estavam já ao corrente do programa do movimento: «a partir desta data iniciava-se um vaivém de cópias do programa para os generais Costa Gomes e Spínola, os quais iam propondo alterações, depois discutidas pela Comissão Coordenadora do Movimento» [10], já no mês de Agosto de 1973 ou, nos primeiros dias do mês seguinte (oito meses, mais ou menos, antes do golpe de estado militar), o general Costa Gomes informou Marcello Caetano que ele tomara contacto directo com o movimento dos capitães (nessa altura tratava-se ainda de um movimento de indisciplina mercenária e de reivindicações profissionais) e que ele lhes assegurara que «tomaria daí por diante a defesa da causa deles» [11]. 

Estava-se, ainda longe da politização. E, desde os seus começos, o movimento tratava-se ainda, repito-o, de uma indisciplina de tipo mercenário de reivindicações profissionais, tinha certamente uma ligação indirecta com Spínola, através de alguns dos seus adeptos que faziam parte do movimento [12]. Todas estas maquinações são repugnantes, ainda que se saiba que o general Spínola, ao contrário do general Costa Gomes, tinha os seus escrúpulos: emitindo a sua opinião sobre as reivindicações profissionais dos capitães, o general Spínola não deixou de lhes dizer: «que, embora tivessem razão, eles estavam a ultrapassar os limites da disciplina militar, na medida em que se tinham agrupado como força de pressão da base e até pretendiam formar uma «Ordem de Oficiais» e fomentar uma «Associação de Sargentos». Errado - pensava ele - porque, em vez de se acreditar na capacidade de recuperação da estrutura militar, pretendia-se introduzir um processo de «reivindicação sindical» que desarticularia a instituição» [13]. 
Era o bom senso. Chegados à fase final da politização do seu movimento de massa - no sentido mais pejorativo do termo -, politização da qual se pôs em evidência a trama, os capitães teriam hesitado entre o general Costa Gomes, que eles achavam, não sem razão, mais sensível aos seus fins e que era já o seu conselheiro [14], e o general Spínola [15], para escolherem aquele que seria o chefe do movimento; mas, graças ao seu incontestável prestígio e finalmente graças ao sucesso que obteve o seu livro «Portugal e o Futuro», a escolha caiu no general Spínola. Logo que venceu o golpe de estado militar de 25 de Abril, o general Spínola tornou-se presidente da junta de «Salvação Nacional», e também presidente da República. 

Proclamou-se aos quatro ventos que as forças armadas tinham deposto, sem um só tiro, o «fascismo» em Portugal. Para os entendidos o «fascismo» é um regime totalitário, portanto um regime ditatorial, que, entre outras características fundamentais, tem a seguinte: O regime fascista é sustentado pelo exército, pela força das armas, que, adquirem a preponderância política. Pôr-se-á portanto o problema de saber qual era a espécie de fascismo que as forças armadas depuseram em Portugal, já que não dispunha do seguro aparelho militar de que dispõem todos os fascismos, e não eram politizadas e, que começara já há muito tempo a esforçar-se por pôr o exército à margem da política e do governo da Nação. Propaganda comunista usada para instrumentalizar os incautos. 
Com efeito «a partir da promulgação da Constituição Política de 1933 o Dr. Salazar procurou sempre afastar as Forças Armadas da acção política, embora mantendo um militar na Presidência da República como elemento de contacto e como fiador da observância da doutrina do regime» [16]. Esta estratégia era absolutamente oposta aos métodos fascistas, e comunistas, em que a carreira militar, pelo papel que tem na própria defesa dos regimes fascistas, e comunistas, não pode deixar de ser materialmente atraente, bem paga. Havia, certamente, uma polícia política, a «Polícia Internacional e de Defesa do Estado», e mais tarde a «D.G.S.», mas em caso de oposição entre a polícia política e o exército, não se pode de maneira nenhuma dizer que este predominava sobre primeira. É que Salazar contava com o seu prestígio pessoal. 
Angola era, então, um grande país, pacífico, próspero e muito rico, em que as populações de todas as cores e etnias confiavam firmemente nas forças armadas a que tinha sido entregue a sua defesa. Logo após o 25 de Abril, porém, as fronteiras foram franqueadas ao inimigo, os europeus e movimentos que lhes eram afectos foram desarmados, e permitida a livre entrada de tropas e armas para os movimentos terroristas ao mesmo tempo que se determinava, unilateralmente, um cessar fogo que, no dizer de um dos mais proeminentes vultos do movimento, correspondia a renunciar a ganhar a paz aceitando perder a guerra. Nessa altura a FNLA passou a ser abertamente abastecida e municiada pelo Zaire, pelos Estados Unidos, e pela China, a UNITA pela Zâmbia e pela China. O MPLA - comunista - passou a ser abastecido pelas forças armadas portuguesas e pelos países comunistas» [17]. Tudo se passou ao mesmo nível de traição na Guiné portuguesa e em Moçambique, e, de uma maneira mais discreta, ainda que com a mesma significação no plano moral, em Cabo Verde e em Timor [18], como em S.Tomé e Príncipe (territórios onde nem sequer havia terrorismo). A FNLA - que sucedeu à sinistra UPA de trágica memória - agonizava em pequenos redutos montanhosos do Congo, abandonada pela população, vivendo de abastecimentos e municiamentos que à custa de dificuldades sem conta que o Zaire lhe fazia chegar às mãos. 

No Leste, pouco povoado, fugindo à animosidade da população local e às forças do exército a UNITA [outro movimento terrorista] arrastava-se de floresta para floresta mercê do auxílio que recebia da Zâmbia. O MPLA [um terceiro movimento terrorista-comunista] tinha umas centenas de simpatizantes na cintura industrial de Luanda. Normalizar a vida cívica do País implicava, pois, necessariamente, a redução das Forças Armadas ao seu papel de instrumento ou meio de realização dos objectivos nacionais fixados pelos órgãos a que a Constituição desse competência para o fazer» [19]. 
Assim, contrariamente ao que se passa nos regimes comunistas e nos regimes verdadeiramente fascistas, que não podem subsistir sem a força brutal de um exército ao seu serviço e, por conseguinte, bem paga, em Portugal com o fim da guerrilha no Ultramar a carreira militar tinha deixado de ser atraente; «O exército já não constituía uma carreira de promoção social». Conclui-se que a condição de vida ou de morte de um regime fascista (ou comunista), isto é, a existência de um exército bem pago, não existia já em Portugal, e o governo português tinha-a descurado ao ponto de provocar as reivindicações profissionais donde saiu o golpe de estado. 
O próprio carácter militar deste golpe de estado confirma-o. Em 25 de Abril de 1974 não havia portanto fascismo em Portugal: o que havia, era um regime que continuava a ser paternalista, e onde não tinha cabimento os partidos esquerdistas-comunista que, por ideologia, é anti-democrático e anti-liberal. Se o governo do Professor Dr. Salazar se mantinha graças ao seu extraordinário prestígio pessoal, apesar de todas as críticas de que foi alvo, e ele estava politicamente acima de um exército, a razão era do grande prestígio do professor de Coimbra. Pelo medo que a maioria da Nação tinha do futuro, em face a um crescente domínio no mundo pelo comunismo. O paternalismo autoritário que, ao mesmo tempo, se esforçava por não precisar do apoio comprado das forças armadas habituadas, em Portugal. 

Os espíritos superficiais e facciosos falam, para explicar a facilidade do golpe de estado de 25 de Abril, de um estado fascista «apodrecido» [20]: Em vez de falarem de o que estava podre, e trágicamente podre, era o exército. É por isso, ainda, que, tendo transformado um movimento de tipo mercenário num golpe de estado político, as forças armadas enganaram a Nação; porque, apresentando-lhe um programa democrático aberto a todos os partidos e a toda a discussão de ideias, ainda que tendo suas lacunas e seus subterfúgios, as forças armadas nada fizeram democraticamente; tudo foi feito demagogicamente, como em todos os fascismos ou em todos os comunismos. 
Aliás o programa «prestava-se a ser interpretado de diferentes maneiras»: Que o professor Palma Carlos (chefe do primeiro governo provisório) pediu que se lhe explicasse o sentido da «estratégia antimonopolista» inscrita no programa (uns entendiam-na no sentido neocapitalista, e os outros prestavam-lhe um matriz comunista), ninguém lho soube explicar claramente [21]. 
Tratava-se de uma ambiguidade intencional ou de ausência de ideias precisas? Um ponto que os militares golpistas desejavam era o de não se permitir partidos políticos, mas somente associações, ou movimentos políticos que, mais tarde, poderiam dar origem a partidos. «Este ponto, aliás, é muito claro no Programa» [22]; adivinha-se, aí, a ideia de manter as forças armadas como árbitro permanente da situação política militar: No que diz respeito à imprensa, à rádio, à televisão, ao teatro e ao cinema, o programa põe-nos sob controle das forças armadas, criando uma comissão ad-hoc para impedir e punir (e que foi feito, indo até à suspensão ou supressão de jornais) a «agressão ideológica», isto é, toda a crítica perturbando a opinião pública, isto é, oposta aos militares e, por conseguinte proveniente (assim se decretava) «dos meios mais reaccionários». 
O programa, que rendo parecer democrático, está, no seu conjunto, mal elaborado, cheio de lugares comuns, de enunciados intencionalmente vagos ou incompletos, e demagógicos, de uma esperteza saloia que denuncia bem o fim de fazer dos militares-parasitas os únicos amos e os principais exploradores da Nação e dos trabalhadores explorados em regime totalitário. Mas, sem experiência política e, sem cultura política, não puderam libertar-se dos partidos (naturalmente dos partidos de esquerda que visavam o totalitarismo) e, então, por sua vez, os militares foram os joguetes destes partidos e das suas rivalidades.

 E TUDO FOI TRAÍDO: A NAÇÃO, O POVO, E A HISTÓRIA! 

E a Nação foi dominada por criminosos, por corruptos, e por ladrões, transformada neste pandemónio ao mesmo tempo trágico, grotesco e carnavalesco. Os generais que tinham até então prestígio, pela traição acabaram por serem queimados, e odiados, perderam o carisma, incapazes de salvar o que se poderia ainda salvar! 
Em todo este processo de traição conduzindo ao 25 de Abril e às suas consequências, é necessário distinguir os militares que bem tiveram consciência da traição cometida, e, foram muitos; os que se deixaram enganar pelas palavras; e os que, sem qualquer convicção política, teriam continuado a olhar sobretudo os seus interesses ligados à Pátria. A ingenuidade, a fraqueza de carácter e a estupidez de uns, fizeram com que eles fossem pastoreados pela ambição e a astúcia dos outros. 
Mas a História inexorável julgará a todos segundo as suas responsabilidades e dirá quem, de entre eles, valerá mais. Os factos, propriamente políticos, que dizem respeito à mudança do regime em Portugal, e ao abandono (e sem dignidade) do Ultramar Português e das populações brancas que o fizeram, interpenetram-se; mas foi este último que deu o golpe decisivo na existência histórica de Portugal. 
Entendo por existência histórica de um país a sua realidade efectiva na História, com a contribuição que este país deu ou dá à cultura e à civilização. Considerando a dialéctica massa-elite (cap. I) no plano das nações, direi mesmo que, uma Nação de existência histórica é uma Nação-elite, contrariamente às Nações-massas às quais falta relevo suficiente e significação especial na História. Não quero dizer que uma Nação-massa não possui necessariamente homens-elite capazes de contribuir para o progresso da cultura e da civilização do mundo; mas sem homens-elites que façam valer certas circunstâncias favoráveis, nenhuma atingirá, jamais, o nível de uma existência histórica de Nação-elite. 
Portugal, que tinha uma existência histórica, feita e mantida pela vontade, apenas, dos seus heróis e dos seus grandes homens, foi destruída, ao fim de quase mil anos: "pela vontade dos seus pequenos homens, um bando de crápulas, analfabetos – esquerdistas, e traidores - os militares de um exército podre, que colocaram os seus interesses pessoais, ou salariais acima da Pátria". 
Os militares do golpe contra o Estado e os seus cúmplices ou comparsas comunistas e socialistas, divulgaram, em Portugal e no estrangeiro, que a guerrilha no Ultramar estava perdida, e para sustentarem essa horrenda mentira, invocaram até o general António de Spínola. O que é falso: o general Spínola nunca escreveu tal coisa. Num dos seus livros publicado em 1972, escreveu: «Numa guerra deste tipo de guerrilha, as forças da ordem ganham-na se a não perderem, assim como a subversão a perde se a não ganhar», e alguns meses antes do golpe de estado, no seu livro «Portugal e o Futuro», escreveu: «Às Forças Armadas apenas compete, pois, criar e conservar pelo período necessário - naturalmente não muito longo - as condições de segurança que permitirão soluções político-sociais, únicas susceptíveis de pôr termo ao conflito». 
A verdade é que nas vésperas do golpe de 25 de Abril de 1974, isto é, «no dia 24 de Abril de 1974, o terrorismo em Angola estava definitivamente esmagado. Reduzindo abruptamente Portugal a um pequeno território da Península Ibérica, arrancando-lhe o mundo geográfico da sua missão cultural e civilizadora, os militares traidores provocaram o traumatismo nacional da sua demissão histórica, o fim da sua existência histórica, em duas palavras: o fim histórico de Portugal.
Vários partidos políticos portugueses associaram-se plenamente a esta traição e crime, os partidos comunistas e o partido socialista, eles devem ser devidamente estigmatizados.
Outros partidos, praticamente calaram-se perante esta traição e os sucessivos crimes, devem ser também devidamente chamados ao julgamento da História.


[1] Avelino Rodrigues, Cesário Borga, Mário Cardoso, O Movimento dos Capitães e o 25 de Abril (Lisboa, Moraes, 1975), p.332-n.
 [2] Sanches Osório, El engaño del 25 de Abril en Portugal (Madrid, Sedmay Ediciones, 1975), p. 23.
 [3] Documentos difundidos no mês de Julho de 1973. [4] Anexo à circular de 23 de Outubro de 1973.
 [5] Exposição dos capitães da Guiné portuguesa, datada de 28 de Agosto de 1973 e dirigida ao presidente da república (Américo Tomás), ao presidente do conselho (Marcello Caetano) e a outros membros do governo. A palavra «perenidade», no texto, refere-se, para ter um sentido, à palavra «Nação» e não a «conflito». Os actuais militares portugueses vindos dos cadetes da academia militar, não sabem, em geral, escrever.
 [6] Vid. entrevista de Otelo Saraiva de Carvalho in «Expresso» (Lisboa, 27 de Julho de 1974).
 [7] Sanches Osório, ibid., pág. 25.
 [8] Id., ibid., pág. 50.
 [9] Marcello Caetano, Depoimento (Rio de Janeiro - São Paulo, Record, 1974), pág. 202.
 [10] A. Rodrigues, C. Borga, M. Cardoso, O Movimento dos Capitães e o 25 de Abril (Lisboa, Moraes, 1975), pág. 19.

[11] Marcello Caetano, Depoimento (Rio de Janeiro - São Paulo, Record, 1974), p. 187. - O livro do prof. Marcello Caetano, do qual eu tiro estas notas, respira a verdade dos factos e a honestidade. Rara mente um vencido escreveu um depoimento tão sereno como o do prof. Marcello Caetano; não contém uma única palavra onde transpareça ódio contra os seus adversários; a palavra mais dura que aí se pode encontrar é a que se refere ao secretário-geral do partido socialista português: era «um apagado advogado… Mário Soares, de seu nome, não representava grande coisa no País - salvo a influência das forças estrangeiras que o manobravam». Depoimento é um livro cheio de interesse histórico escrito por um verdadeiro português e patriota: não se o pode negar, se se quiser ser honesto, mesmo que não se esteja de acordo com as ideias políticas do seu autor.

[12] A. Rodrigues e outros, ibid., p. 269. - Este livro é perfeita mente favorável ao movimento reivindicativo dos capitães, mas o que importa são a exactidão das datas e a objectividade dos factos para uma interpretação objectiva.
 [13] A. Rodrigues e outros, ibid., pág. 273.
[14] Id., ibid., pág. 274.
[15] Id., ibid., pp. 333-4.
[16] Renzo De Felice, Comprendre le Fascisme, trad. do italiano por Marc Baudouy (Paris, Seghers, 1975), pág. 25.
 [17] Albert-Alain Bourdon, Histoire du Portugal (Paris, P.U.F., 1970), pág. 116.
[18] Marcello Caetano, ibid., p. 202.
[19] A. Rodrigues e outros, ibid., p. 15.
[20] Sanches Osório, El Engano del 25 de Abril en Portugal (Madrid, Sedmay Ediciones, 1975), p. 53.



                                                Rogéria Gillemans.

ANGOLA, DA TRAIÇÃO AO CRIME.

DO LIVRO "LONGE É A LUA, MEMÓRIAS DE LUANDA -ANGOLA". 

 Em Angola a forte revanche contra o Terrorismo levou à extinção dos terroristas e seus líderes que foram surpreendidos pela dita "revolução dos cravos" a 25 de Abril de 1974. Nessa altura, Agostinho Neto encontrava-se no Canadá, questionado por um jornalista sobre esses acontecimentos em Lisboa mostrou-se ser alheio respondendo "Isso é lá coisa deles, são eles que não se entendem".

A população em Angola surpresa tentava compreender os acontecimentos praticados em Lisboa no dia 25 de Abril de 1974, nos primeiros tempos avaliou que seria um desvario qualquer entre militares e que pronto os responsáveis estariam a contas com a justiça, mas, rapidamente os portugueses de Angola compreenderam a realidade e a dimensão do crime contra a nação, e as suas consequências, em especial quando começaram a sentir a traição e a infâmia. 
Ainda assim, acreditando que homens honrados assumissem os destinos da nação e os destinos das suas províncias ultramarinas, aguardavam por informação sobre decisões respeitantes ao seu destino e do território, desconhecendo tinham sido já transformados em pião de joguete de acordo com simpatias, inclinações políticas e interesses pessoais dos insurrectos da chamada "revolução dos cravos" e seu séquito de malfeitores a soldo do comunismo e do socialismo marxista que euforicamente deram asas aos seus instintos primários de crime. Por conseguinte, o povo em Angola não foi informado nem consultado, os seus direitos indiscutíveis não foram considerados, as leis não foram respeitadas, dado que a Constituição vigente da nação foi rasgada para dar lugar a qualquer escrita feita em cima do joelho de acordo com os propósitos de crime a realizarem sobre as províncias ultramarinas, sobretudo Angola, desde sempre cobiçada e disputada pela Rússia, pelos EUA, e outros inimigos de Portugal. 
Não restavam dúvidas que o golpe militar comunista contra a Nação visava unicamente a sua mutilação e a entrega de Angola aos russos, foi nesta província portuguesa que o crime de traição teria o seu auge, e, essa realidade foi vivida de forma dramática por um povo inteiro. 
Para tal contribuíram os chamados Comissários da "junta governativa" do MFA escolhidos um a um para levarem Angola a guerra civil, cinco indivíduos em apenas 16 meses, 24 de Julho 1974/11 de Novembro 1975, tão pouco tempo para tantos criminosos: Rosa Coutinho, Leonel Cardoso, Altino de Magalhães, Silva Cardoso, Emílio da Silva.
*P.93

Rosa Coutinho o "almirante vermelho" comandante de fragata que se auto-promoveu a almirante saltando por cima de várias hierarquias militares, foi nomeado alto-comissário para Angola, personagem escolhido pela sua índole criminosa, cujas ordens e objectivo era entregar Angola ao colonialismo soviético via cubanos, para assim colocaram no poder o fantoche e criminoso MPLA, do qual eram seus apoiantes; Alvaro Cunhal, Mário Soares, e outros criminosos, como a colaboração dos majores Pezarat Correia, Emídio da Silva, e de um capitão Batalha, figuras sem escrúpulos gratas ao grupo da tropa fandanga "MFA" e à esquerda comunista, e principalmente do comandante Correia Jesuíno mentor e controlador da comunicação social, isto é, das notícias pré-fabricadas para enganar as ditas "massas". 
A escolha de Rosa Coutinho para alto-comissário de Angola foi deliberada pelo grupo MFA/ esquerda comunista, e o seu envio tinha como objectivo enfraquecer ou eliminar qualquer foco de reacção da parte da população portuguesa branca, euro-africana e africana, que alheios aos acontecimentos em Lisboa certamente reagiriam e poriam em causa os objectivos criminosos. Como foi expresso pelo apátrida Mário Soares numa entrevista ao "Der Spiegel" - Nº 34/1974 - onde explicitou que os militares de Abril enviados para Angola tinham recebido ordens para dispararem sobre a população, em caso de qualquer situação que atentasse contra os objectivos que se propunham realizar em Angola, em especial "Atirarem sobre os portugueses brancos".
Mário Soares que deambulava alegremente pelas ruas de Paris, (fiel perdigueiro de Álvaro Cunhal que vivia em Moscovo), e conhecido entre outros adjectivos como "homem das mil caras" e, "oportunista", ligado a Cunhal na mesma doutrina, no mesmo delírio sobre a mutilação e destruição de Portugal, na mesma sede do poder a qualquer custo, nos mesmos préstitos de serviços ao estrangeiro (dos quais recebiam benefícios), contra Portugal, e no mesmo ódio que nutriam contra os portugueses. Homens sem escrúpulos, que não olhavam aos meios para atingirem os fins.
 *P.94

O "almirante vermelho" encobria à população o desembarque em Luanda dos técnicos militares soviéticos e cubanos, durante a noite, nos meses que se seguiram à sua chegada, mais propriamente a partir de Agosto. A população de Luanda testemunhava as suas presenças deambulando pelas ruas da cidade como as suas constantes entradas ou saídas do Museu de Angola, transformado em sede do MPLA e residência provisória dos cubanos, enquanto os técnicos russos se instalavam no Hotel Presidente (junto ao largo Diogo Cão, na Av. Paulo Dias de Novais, Marginal de Luanda), e passariam a ocupar as casas dos portugueses há medida que iam ficando desabitadas pela fuga dos seus proprietários, eram de imediato requisitadas pelo MPLA umas para Embaixadas, outras para residências dos russos e dos cubanos.
A cor política, o ódio, e o desejo de vingança que Rosa Coutinho alimentava contra a FNLA eram bem conhecidos em Luanda. E foi assim, desta forma, que lhe foi oferecida a oportunidade da vingança. Com efeito, quando à frente dos Fuzileiros como comandante na região do rio Zaire foi capturado por forças de Holden Roberto levado preso para uma base da FNLA do outro lado da fronteira, aonde passou o vexame de ter sido espancado e metido dias seguidos totalmente nú dentro de uma jaula pendurada numa árvore, sendo alvo de todo o género de detritos (até fezes lhe atiraravam para cima, segundo constou na época) e da risota geral por parte dos elementos da FNLA. 
Mas, a razão maior desse ódio foi porque o estupraram e, em público, dito por um dos seus camaradas dessa época (os relatos desse episódio são omissos em alguns pontos), foi libertado por negociações entre as autoridades portuguesas (PIDE/DGS) e a FNLA. E um povo inteiro pagou pelo seu rancor, e pela ganância de outros iguais. 
*P.95

Depois da "Independência" Coutinho abriu em Lisboa uma Agência de Recrutamento de Mercenários que durante anos enviou para ajudar o MPLA não se sabe se na formação das tropas, ou, se mesmo para combates ou missões especiais. Ganhou com isso muito dinheiro (e não foi o único a enriquecer com a guerra em que mergulharam Angola), mas o medo dele sempre foi tal, que até a porta do seu escritório perto do Marquês de Pombal tinha uma blindagem tipo cofre-forte e, não andava em lado nenhum sem segurança, e sempre que podia ia relaxar o stress para Angola para junto dos seus amigos agradecidos pelo seu "excelente trabalho"...  Já velho e caquéctico vivia prisioneiro dos seus crimes, quase não saía à rua, não fosse cruzar-se com algum que o reconhece-se e fizesse ajuste de contas com ele, a última entrevista que deu sobre os seus crimes, foi em pijama na sua residência. 
Leonel Cardoso, (outro canalha) que viria a substituir Rosa Coutinho no cargo de alto-comissário português e, que, também, seguiu fielmente as instruções dos seus camaradas comunistas, e desempenhou na prática um papel igualmente pernicioso para o todo o povo e o futuro de Angola. Segundo ainda informações sobre o "almirante Vermelho" um dos maiores responsáveis por tudo o que se passou em Angola, disso não há dúvidas, conjuntamente a Mário Soares e outros canalhas da mesma índole. 
Desde 1965 a paz estava instaurada em Angola. Os massacres ocorridos no mês de Março durante a noite de 15 para 16 de 1961 e nos meses que se seguiram à causa do Terrorismo Internacional, foram imediatamente controlados, e as populações dessas zonas martirizadas ao norte durante o mês de Outubro do mesmo ano estavam de regresso para reconstruir o que os terroristas tinham destruído, e edificar novas obras, ao ponto que os EUA principal responsável e financiador desses actos de barbárie, (como grande perdedor), ficaram de tal forma surpreendidos com a rápida acção na eliminação do terrorismo e no controle do território pelo exército português da altura, e, com a colaboração e participação activa da população civil, que procuraram informações sobre as tácticas usadas, que neste caso não coube o mérito só ao Exército Português desse ano, mas, também, à população de todas as etnias em Angola; europeus, euro-europeus e africanos igualmente vítimas das atrocidades praticadas por terroristas, na maioria estrangeiros, que entraram para Angola só para matar e destruir, e com os quais não se identificava. Persistiam alguns pés descalços, esfarrapados, e esfomeados, com armas nas mãos que davam alguns tiros para de seguida fugirem e esconderem-se nas matas.
 *P.96

Os militares que continuavam a ser enviados por Lisboa a partir de 1961 até Junho de 1974 eram como garante da continuação da paz instaurada e da integridade da Nação (visto que os EUA, a Rússia e a China continuavam a visar Angola pelas suas fontes de riquezas naturais). 
A maior percentagem das mortes dos militares ocorridas em Angola, foram à causa de acidentes vários, os registos das causas das suas mortes encontram-se nos arquivos do Estado-Maior do Exército Português, e, podem ser consultados. Não se pode afirmar a existência de uma guerra (como afirmam de conveniência aos seus interesses, sem pejo, e com descaro, os oportunistas criminosos de Abril) em território onde toda a sua população vivia, dormia, e trabalhava com ordem e em paz, e onde se desenrolada o progresso diário a um ritmo impressionante de ponta a ponta de todo o território. Se o Chefe da Nação, Prof. Dr. António de Oliveira Salazar, teve a hombridade e a humanidade em proteger o povo de Portugal da morte e a todo o custo instaurar a paz, mantendo a integridade da Nação, os facínoras, ilusionistas, do comunismo e do socialismo para seu gáudio e poder  entregaram esse mesmo povo à sanha de assassinos terroristas, e a Nação foi varrida por onda de terror e de morte pela destruição, assaltos e roubos, as prisões arbitrárias, as torturas e sofrimento infligido a seres humanos inocentes. Não é difícil de saber  onde se escondia a verdadeira e feroz ditadura em cujo ideário lhes pesam o contributo activo no "Genocídio" desse mesmo povo, pela guerra exportada, e pelos dramas impostos a milhões de portugueses que viviam, trabalhavam pacificamente e faziam viver em paz o território português.


 Do Livro "LONGE É A LUA" - Memórias de Luanda-Angola,de Rogéria Gillemans. Op. cit.,P.93 a 97, ISBN 978-989-20-1341-1.
NOTA- (Reservado o direito de autor, previsto e protegido pela Lei, como tal, a sua cópia total ou parcial não autorizada, é um acto ilícito, passível de acção, previsto na Lei!)

O COMUNISMO E SEU MUNDO DO CRIME.

No fim da II Guerra Mundial, os acordos de Yalta entregaram à URSS metade de Europa, e alguns países de África. Porém os povos escravizados revoltaram-se: exemplos típicos dessa rebelião ocorreram em Berlim (1953), na Polônia e Hungria (1956). Mais de dois milhões de alemães fugiram pelas fronteiras ainda abertas. Tais acontecimentos constituíram um plebiscito incessante, atestando a recusa popular do paraíso operário. O Muro e seu prolongamento — a Cortina de Ferro — contiveram a sangria desmoralizante. Mas o sistema comunista desaparecia na miséria, na fome, nas prisões arbitrárias, nos internamentos e isolamento dos intelectuais, nas torturas, nos assassinatos em massa, na paralisia, e num crescente descompasso técnico e económico com o Ocidente. Os fracassos das guerrilhas na América Latina e em África, a frustração do "eurocomunismo" amordaçar povos de nações pela força, seria a derrota, caso não encontrassem eco na colaboração de alguns criminosos prosélitos do comunismo, que mediante golpe de estado e pela traição entregassem esses povos e nações, como aconteceu em Portugal a 25 de Abril de 1974. A vergonhosa derrota no Afeganistão foram episódios finais da agonia dos soviéticos. Nessa fase terminal, tomou corpo a idéia de salvar a chama comunista, com a tentativa de sacrificar o esclerosado regime dos soviéticos e dar um "salto para frente" para imergir na utopia.

O APERTO DOS DITADORES NO GENOCÍDIO DOS POVOS.


No dia 17 de Fevereiro 2011 pelas 11:00 horas da manhã, deu entrada no "Tribunal Internacional de Crimes" em The Hague, o processo crimes de genocídio contra a humanidade, contra o Ditador José Eduardo dos Santos e o seu regime de terror MPLA. E agendada uma conferência de imprensa para o mesmo dia em frente ao Tribunal The Hague (Haia) - Holanda.
Para aceder e ler os casos do processo crime, na coluna lado direito do Site clik sobre o logo de:
INTERNATIONAL CRIMINAL COURT (ICC) DEN HAAG.


"ANGOLA É GERIDA POR CRIMINOSOS"
Do Jornal Expresso: Terça feira, 6 de maio de 2008. Bob Geldof, esta manhã em Lisboa. O músico e activista teceu duras críticas às autoridades angolanas.
A afirmação é do músico e activista, Bob Geldof, esta manhã no Hotel Pestana Palace, em Lisboa, na conferência sobre Desenvolvimento Sustentável, organizada pelo Banco Espírito Santo e pelo Expresso.
Entre os convidados encontrava-se o embaixador angolano na capital portuguesa, Assunção dos Anjos, que acabaria por abandonar a sala. O Expresso já contactou o porta-voz da missão diplomática angolana em Lisboa mas até ao momento não foi possível confirmar se o diplomata tomou tal atitude em sinal de protesto. Quando se referia aos países cujo crescimento vai ser marcante para o desenvolvimento nos próximos anos, Geldof referiu-se especificamente a Angola. "As casas mais ricas do mundo do mundo estão na baía de Luanda, são mais caras do que em Chelsea e Park Lane", apontou, estabelecendo como comparação estes dois bairros luxuosos da capital inglesa. A assistir ao discurso estavam cerca de três centenas de pessoas, entre as quais os embaixadores do Reino Unido, da Irlanda, de Marrocos, da Argélia, entre outros.

ROSA COUTINHO - A MORTE DE UM VERDUGO - .

2 de Junho de 2010, morreu um canalha da pior espécie, um assassino, um traidor à Pátria e aos valores dos homens. Leva na "consciência!?" milhares de crimes, rios e rios do sangue derramado em Angola pelos seus "feitos" do "25 de Abril de 1974". Infelizmente não o conseguimos ver julgado e condenado em vida por crimes de genocídio contra a humanidade. Como de igual forma outros criminosos co-autores dos crimes, ainda vivos, que contribuíram para os massacres e o infortúnio de milhões de portugueses de todas as raças e credos.
           A justiça dos homens é falha. Mas, a Justiça de Deus é inexorável e incomensurável! 
Ficarão inscritos indelével na História com o sangue derramado pelos assassinatos dos povos de Portugal! 

                                              NÓS NUNCA ESQUECEREMOS!

ROSA COUTINHO - O EMISSÁRIO DE SATANÁS.

Agostinho Neto, Rosa Coutinho o "almirante Vermelho", Jonas Savimbi,
era conhecida a sua simpatia pelo MPLA comunista.

Luanda, 16 de Janeiro de 1975: 
Os Jornalistas interrogam Coutinho sobre os graves acontecimentos de crimes que se viviam em Angola. É notório a arrogância e a indiferença deste criminoso! 

A CARTA DE ROSA COUTINHO DE INSTIGAÇÃO AOS ASSASSINATOS

República Portuguesa 
 Estado de Angola 
 Repartição de Gabinete do Governo-Geral 

 Luanda, aos 22 de Dezembro de 1974 

 Camarada Agostinho Neto, 
                                A FNLA e a UNITA insistem na minha substituição por um reaccionário que lhes apare o jogo, o que a concretizar-se seria o desmoronamento do que arquitectamos no sentido de entregar ùnicamente ao MPLA.
Apoiam-se aqueles movimentos fantoches em brancos que pretendem perpetuar e execrando colonialismo e imperialismo português – o tal da Fé e do Império, o que é mesmo que dizer do Bafio da Sacristia e da Exploração do Papa e dos Plutocratas. 
                               Pretendem essas forças imperialistas contrariar os nossos acordos secretos de Praga, que o Camarada Cunhal assinou em nome do PCP, afim de que sob a égide do glorioso PC da URSS possamos estender o comunismo de Tânger ao Cabo e de Lisboa a Washington. 
                             A implantação do MPLA em Angola é vital para apearmos o canalha Mobutu, lacaio do imperialismo e nos apoderarmos da plataforma do Zaire. 
                        Após a última reunião secreta que tivémos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do plano. Não dizia Fanon? Que o complexo de inferioridade só se vence matando o colonizador? Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando, afim de provocar a sua debanda de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos, para desanimar os mais corajosos. Tão arreigados estão à Terra esses cães exploradores brancos que só o terror os fará fugir. O FNLA e a UNITA, deixarão assim de contar com o apoio dos brancos, de seus capitais e de sua experiência militar. Desenraizem-nos de tal maneira que com a queda dos brancos se arruine toda a estrutura capitalista e se possa instaurar a nova sociedade socialista ou pelo menos se dificulte a reconstrução daquela. 

                                                                       Saudações revolucionárias
                                                                             A Vitória é certa
                                                                   António Alva Rosa Coutinho
                                                                          Vice-Almirante

Rosa Coutinho,  reconhece a veracidade da assinatura. 
«Um homem que escreveu uma carta destas é um assassino». 

 NOTA - Esta carta foi publicada pela primeira vez em Janeiro de 1975 num Jornal Sul Africano. Em Angola era o tema diário e a viva voz, principalmente na sua capital, Luanda. Constou-se que a sua inesperada substituição por Silva Cardoso (outro Canalha) quando ninguém a previa, esteve na origem do conhecimento público desta carta. Coutinho ao ter conhecimento sobre a divulgação pública da referida carta e questionado sobre a mesma em conferência de imprensa a 16/01/1975, as suas únicas palavras foram: "Quero lá saber o que dizem os reaccionários!" 

 

ANGOLA-RÚSSIA / PCP / CUBA.

A partir da tomada comunista de Fidel Castro, em 1959, Cuba passa a actuar em África sob o comando da Rússia (União Soviética), na fomentação e implantação da ditadura da morte mandou criar campos e comunas para treino de terroristas. Em Angola em 1960 na fomentação e participação do terrorismo contava com o apoio do Partido Comunista Português (PCP) na clandestinidade.  
Cuba não se limitou a enviar armamento para o MPLA, PAIGC, FRELIMO, etc... mas também enviou militares.  Em 1969, Portugal captura na Guiné-Bissau o capitão cubano Pedro Rodriguez Peralta (libertado em 1974). As relações entre Portugal e Cuba entre 1974 e 1991 foram particularmente estreitas. Nos últimos dois meses de 1974 e início de 1975 Cuba seguindo as instruções da Rússia, envia para Angola centenas de milhares de soldados para apoiarem o (MPLA), uma invasão estrangeira sobre território português apoiada pelo gang de Abril e Partido Comunista Português (PCP).
Entre 1974 e 1975 foram muitos os "militares" portugueses de Abril que se deslocavam a Cuba para se encontrarem com Fidel Castro, para afinarem as estratégias a seguir em Angola e em Portugal. Otelo Saraiva de Carvalho (chefe do COPCON), entre 21 e 30 de Julho de 1975, teve honras oficiais, sendo um dos oradores das comemorações oficiais do 26 de Julho, data que assinala o assalto ao Quartel Moncada e o início da revolta contra Fulgêncio Baptista.
Em Agosto de 1975 Rosa Coutinho encontra-se em Havana com Fidel Castro para acertar os detalhes da invasão cubana em grande escala. 
Em 1977 foi a vez do General Costa Gomes (ex- Presidente da República) de se encontrar com o ditador cubano. O povo português já tinha recusado por completo o modelo cubano. Assinale-se o facto de em Maio de 2001, Cuba ter condecorado Vasco Gonçalves (antigo primeiro-ministro) com a Ordem "Playa Girón", pelo apoio que lhe deu em 1974/1975. Entre 1974 e 1975 o PCP apostou na implantação em Portugal de um regime semelhante ao que existe em Cuba. Uma ideia acalentada pelos sectores das forças armadas portuguesas, que entre 1974 e 1975 criaram as condições para o êxito da invasão cubana de Angola (Rosa Coutinho, Vasco Gonçalves, Vasco Lourenço, Vitor Alves, Otelo Saraiva de Carvalho, etc...).
Alguns meses antes da "Independência" de Angola (Nov.1975), Cuba reforça o número das suas tropas para este país. Os protestos são contínuos. A 22 de Abril de 1976, foi colocada uma bomba na Embaixada de Cuba em Lisboa, destruindo as instalações e matando dois diplomatas cubanos: Adriana Corcho e Efrén Monteagudo. O conflito angolano rapidamente se internacionalizou. Os cubanos só em 1991 abandonam Angola, deixando atrás de si um país devastado, saqueado, e cerca de dois milhões de mortos.



Rogéria Gillemans

A "DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR" ( I ).

                        DO LIVRO "LONGE É A LUA, MEMÓRIAS DE LUANDA -ANGOLA". 

Nos chamados acordos de Alvor (que não foi mais que um palco de teatro e de falsidade, iludindo todos os portugueses) estava previsto a realização de eleições livres. A população de Angola vivia na esperança de um país multirracial, tal como o era há cinco séculos.
Rapidamente, os portugueses de Angola despertaram para a realidade, em especial quando se foi tornando visível o crime da "Revolução da Perfídia" dissimulado atrás das proclamações e discursos cacarejados ad nauseum pelos pastores da decadência, e mestres de todos os crimes, que surgiram em tropel, indivíduos que obedeciam e, obedecem aos ditames e determinações dos piores inimigos de Portugal, e os factotums mais ou menos ocultos (et pour cause) da subversão mundial, que vociferavam chavões pré-concebidos como “liberdade”, “democracia” e “direitos dos povos”, ao mesmo tempo impunham o terror com as armas na imposição ao arrepio da funesta ditadura comunista com todo o seu cortejo de abusos, atrocidades e violências, como é de regra entre os que se servem de slogans altissonantes para camuflar negócios escuros e actividades, pela menor das quais iriam parar à cadeia.
Em Angola, nas últimas semanas de Maio 1974 as portas das cadeias são abertas para a libertação de todos os assassinos, terroristas, delinquentes, e malfeitores.
Em Luanda a 10 de Junho 1974, encontravam-se muitos estrangeiros e jornalistas para assistirem ao campeonato internacional de hóquei em patins que inaugurava a cidadela de Luanda, construída na zona de S. Paulo. A presença dos jornalistas e estrangeiros foi explorada pelos terroristas na instigação ao terror e ao crime, entre esses, José Van Dúnem, (o mesmo que a 27 de Maio de 1977 foi assassinado pelo próprio MPLA e que estes lançaram o seu corpo de um avião para uma floresta), esse terrorista a quem as portas da cadeia São Nicolau foram abertas em Maio de 1974, era até então um desconhecido para o povo, durante o mês de Junho nos bairros suburbanos, em especial no muceque Sambizanga, desencadeou uma campanha de instigação ao ódio e ao racismo contra os portugueses, e ao tribalismo contra a UNITA e a FNLA, dizia-se representante de Agostinho Neto, em Luanda, e afirmava defender um vínculo mais forte com Moscovo. Dessa campanha de instigação ao ódio e ao racismo viriam a resultar as primeiras vítimas portuguesas em Luanda "um Taxista e dois Polícias" assassinados à catanada e pendurados com cordas ao pescoço numa árvore no muceque Sambizanga e, a eclosão dos primeiros distúrbios em vários bairros periféricos, muceques, entre as fracções rivais.
*P.98

Na manhã de 11 de Julho de 1974, a população que já vislumbrava nuvens negras no horizonte, acordou em sobressalto com a notícia da descoberta às primeiras horas da madrugada dos corpos de um taxista e de dois agentes da polícia (PSP) assassinados, imediatamente desencadeou-se um levantamento da população branca, para travar esse levantamento, consequência desses crimes, em Lisboa foi tomada a decisão do envio de Rosa Coutinho para Angola.  Assim, o Governador Geral de Angola, General–Silvino Silvério Marques– a 22 de Julho recebe ordem de regressar à Metrópole, foi desta forma arbitrária saneado, por déspotas, do seu cargo conferido por Lei Constitucional de um Estado legítimo. Acto esse que desmascarou a traição concertada em Lisboa e que iria ser concluída em Angola.
É, então, nomeada uma junta governativa chefiada pelo almirante de pacotilha Rosa Coutinho. Ao chegar a Luanda e após instalar-se no Palácio do Governador-Geral, a sua primeira ordem foi mandar desarmar os corpos institucionais da ordem, a Polícia, e, em conivência com o MFA ordena pessoalmente que os militares que em Junho de 1974 se encontravam em Angola ao serviço da Nação, no cumprimento regular do serviço à Pátria (de escassa ou nenhuma confiança, face às directivas promulgadas pelos tenebrosos esquerdistas) regressarem rapidamente para Lisboa, para serem substituídos pela tropa-fandanga abrileira preparada e “trabalhada” pelos ideólogos e capatazes comunistas dos quartéis de Lisboa, sobre o molde marxista-leninista, cujo juramento dessa nova tropa foi feito com punho fechado.
Ao mesmo tempo que os militares ao serviço da Pátria regressavam a Lisboa, eram substituídos por indivíduos desprezíveis com propensões ao crime, que no trajar e na falta de asseio eram comparáveis ao Che Guevara com barba de arrumador que vivia escondido pelos pântanos e cavernas das matas da Bolívia. A estes grupelhos deram-lhes o nome de militares, uma farda para vestir, e enviaram-nos para Angola ao serviço do MFA e de Rosa Coutinho cujo objectivo era entregar Angola ao colonialismo soviético via cubanos e MPLA.
Assim, em lugar de soldados regulares de um exército regular, desembarcam em Angola bandos de desordeiros, criminosos e assassinos, desleixados e imundos, com guedelhas sebosas e desgrenhadas, barbas de arrumadores e cigarro ao canto da boca. Uma grotesca chusma, um verdadeiro atentado à moral e à ética militar, uma mancha vergonhosa nas fardas de um exército que até então tinha sabido honrar e dignificar a Nação portuguesa, um atentado aos valores dos honrados militares que tinham defendido os povos e territórios de Portugal, e insulto grosseiro à memória dos que tombaram em defesa da Pátria. 
Não tardou que a tropilha abrileira e Rosa Coutinho tomassem conta da situação em todos os sectores, para começar e como primeira medida, a sombria personagem deu ordem de desarmar a polícia, ficando a população branca, totalmente indefesa, e sem qualquer protecção das entidades oficiais, ao mesmo tempo que o almirante de pacotilha e sua tropa-fandanga animavam e encorajavam abertamente as acções dos grupúsculos comunistas do MPLA. A polícia foi substituída por patrulhas formadas com elementos dessa tropa e do MPLA, e a liberdade proclamada pelos traidores e facínoras passou a ser imposta pelas lâminas das catanas e pelas pontas das baionetas em mãos assassinas. Em Agosto de 1974, um mês após a chegada de Rosa Coutinho, 34.000 portugueses fogem de Luanda para Lisboa e para outros destinos. Na cidade começa a reinar a anarquia, os assaltos, os roubos, e os confrontos armados nos quais participava activamente a tropa-fandanga de Abril, e que se alastravam às cidades e vilas do interior de Angola, os confrontos iam assumindo proporções de guerra civil, declarada com a entrada do ano de 1975.
*P. 99

Luanda, Fevereiro 1975. A violência recrudescia em proporção geométrica, e a criminalidade grassava monstruosamente. Entre os constantes roubos, assaltos, assassinatos e violações, o rebotalho de Luanda cevava ódios e dava livre curso aos instintos mais baixos e selvagens. Cujos autores, muitos deles, nem sempre eram marginais, mas pessoas que até ao 25 de Abril se comportavam como cidadãos decentes e zelosos, no cumprimento do dever e no respeito pelas relações entre as etnias.
Durante o dia não cessava o fragor das metralhadoras e das armas pesadas, granadas que explodiam umas no vazio, outras contra os edifícios. Inúmeras viaturas eram pasto das chamas.
Seguiu-se uma campanha desenfreada para explorar o obscurantismo de brancos e negros. Foi divulgado que a FNLA assava crianças, arrancava corações, bebia o sangue dos inimigos, que na delegação da Avenida do Brasil e no seu quartel no Cazenga tinham sido descobertas salas de tortura, onde se escondiam dentro de frigoríficos frascos com sangue e corações humanos, que havia corpos de pessoas queimadas e mutiladas. A médica encarregada do laboratório da Faculdade de Medicina desmentiu esse tipo de propaganda, divulgando que o sangue e os corações pertenciam ao Museu Anatómico. Foi presa, ante o pavor dos filhos, pelo MPLA com a cumplicidade das autoridades portuguesas. A ameaça de greve geral dos médicos, na altura, salvou-a. Libertaram-na, expulsando-a para Lisboa. E, assim, a posição da FNLA tornou-se insustentável em Luanda.
O MPLA conjuntamente com as tropas portuguesas de Abril iniciaram uma perseguição tenaz na Avenida D. João II, à entrada da Rua Coronel Artur de Paiva "chaimites da tropa portuguesa" disparavam sobre soldados da FNLA, que fugiam desarmados e, cujo medo era tão grande que enquanto corriam despiam a farda para mostrarem que estavam indefesos e que apenas queriam salvar-se. Pretendiam alcançar o bairro do Saneamento onde viviam os ministros da FNLA, e o largo do Palácio, na esperança de ali conseguirem protecção.
Na calçada de Santo António em frente da Rádio Ecclesia, Emissora Católica de Angola, fizeram igual caça –a tropa portuguesa abrileira sorria perante o espectáculo– as balas não paravam de chover, os mortos lá ficaram, tombados nos passeios ou no pavimento das ruas. Os que viveram foram retirados pela UNITA e levados para as terras de onde eram oriundos.
Março 1975, pelas ruas da cidade diariamente aconteciam combates violentos entre o MPLA, a FNLA e a UNITA.
*P.100

Luanda, Março 1975. Às portas de Luanda o paiol do quartel militar, Grafanil, foi bombardeado com obuses de artilharia e voou pelos ares, na consequência dessa violenta explosão a cidade inteira foi sacudida, como forte terramoto.
Granadas explodiram nos depósitos da Petrangol, Refinaria de Luanda, a cidade inteira esteve prestes a sumir-se num mar de labaredas que nada poderia apagar se o combustível derramado se inflamasse.
Na Liga Nacional Africana, situada na zona da Vila Clotilde, encontravam-se elementos da FNLA escondidos, dezenas de guerrilheiros do MPLA tomaram-na por assalto com metralhadoras, lança-granadas, e granadas presas à cintura, circundaram toda essa área residencial, os moradores das casas vizinhas trancaram as portas e as janelas, protegendo-se na parte da casa que pensavam ser a mais segura, e permaneceram abraçados, rezando, pedindo a protecção do Divino.
Em Luanda restou à FNLA a Fortaleza de São Pedro da Barra, cuja guarnição resistiu durante muito tempo aos assaltos do MPLA, recebendo reabastecimento à custa de subterfúgios que ultrapassavam as mentes mais imaginosas. Os militares cercados não se rendiam. Uma ambulância foi destruída e nela morreram enfermeiras e enfermeiros.
Para desespero da FNLA um dos seus representantes no governo provisório o ministro da agricultura, Neto, assinou a rendição dos sitiados e fugiu para a Suíça onde se juntou à mulher e aos filhos. Os defensores da Fortaleza baixaram os braços e saíram da cidade sem serem molestados pelo MPLA. Constou na altura que a FNLA minara o porto de Luanda, e que o MPLA não poderia receber armamento desembarcado de navios da Cortina de Ferro. Até que a FNLA se viu forçada a abandonar a capital e estabelecer-se mais ao norte. E quando a 4 de Julho de 1975 o MPLA massacrou 250 recrutas da UNITA em Luanda, a UNITA abandonou, também, Luanda. A direcção da UNITA decidiu sair da capital e concentrar-se nas cidades do planalto central de Angola. Assim, em Luanda ficou apenas o MPLA que pelo terror e assassinatos esperava a partida dos portugueses. E, inaugurava a era dos assaltos, das buscas domiciliárias, das prisões arbitrárias, das casas destruídas, e incendiadas, dos assaltos, roubos e destruição aos estabelecimentos comerciais, na maioria dos casos pelo simples prazer de destruir e incendiar.

Na estrada de Catete grupelhos entre os 12 e 16 anos idade, armados com metralhadoras, com paus e com catanas interceptavam os automóveis de portugueses que fugiam e tentavam chegar a Luanda, após matarem os ocupantes incendiavam os automóveis.
Um funcionário do matadouro municipal que tinha sido preso com um filho, foi espancado durante horas por esbirros do MPLA, e quando se cansaram de bater abriram-lhe a cabeça com uma catana. Ao marido de uma escriturária da DGS enrolaram nos testículos e no pénis um rastilho de pólvora, depois de quase o matarem à pancada. Quando se preparavam para lhe atear o fogo um soldado das FAPLA “condoeu-se” e convenceu os camaradas a enrolarem o rastilho e acenderem-no num braço da vítima e, assim foi feito.
Na barra do Quanza uma criança branca de quatro anos de idade (menino) foi encontrado gravemente ferido pelos golpes das catanas. Sobreviveu porque os assassinos o julgaram morto. Depois de cercarem e assassinarem a golpes de catanas os pais e os membros da família dessa criança que tentavam chegar a Luanda, incendiando o carro de seguida. A criança foi encontrada mais tarde e levada para um hospital de Luanda. 
O engenheiro Bandeira, Administrador da Petrangol, ficou com as pernas e os braços deformados e praticamente inertes, depois das sessões de tortura a que o submeteram.
Um pasteleiro do bairro da Cuca foi brutalmente torturado e obrigado a assistir à violação da mulher e das filhas.
Na Av. Brasil uma portuguesa foi morta dentro do seu apartamento atingida pelas rajadas das balas tracejantes. Nas casas os pais procuram proteger o melhor possível os seus filhos, em muitos casos a escolha eram os quartos de banho, improvisando camas nas banheiras ou colchões pelo chão, por ser a parte da casa menos exposta aos bombardeamentos das granadas lançadas dos morteiros ou das balas tracejantes que eram utilizadas pelos criminosos.
Nas masmorras dos muceques inúmeros homens e mulheres enlouqueceram pelas torturas infligidas e muitos outros foram assassinados.
 *P.101

Pelas ruas de Luanda a população organizava-se em manifestações e marchas para pedir ajuda ao governo da Metrópole, mas essa ajuda era negada. Que misericórdia se pode esperar de lobos que entram num redil? Face aos repetidos insucessos e, ao manifesto desprezo dos governantes, os portugueses começaram a fazer manifestações junto dos cônsules dos EUA, França, e Suiça. A população de Luanda e de outras cidades ou vilas manifestavam-se em pedidos de ajuda, pediam aviões e navios que lhes permitissem a saída urgentemente de Angola. Centenas de pessoas, muitas das quais moradoras no bairro da Cuca, então a ferro e fogo, dirigiram-se ao Palácio onde Rosa Coutinho se tinha instalado, para pedir ajuda e protecção, a tropa abrileira que o guardava impediu-lhes a passagem. A multidão protestou, reclamou e gritou indignada, mas pouco podia fazer perante a ameaça das armas apontadas contra si. Então, os ânimos chegaram ao rubro. Um grupo de homens lançou-se contra o gradeamento do jardim do Palácio arrancou-o, forçou a passagem, e entrou pelas janelas. Um desses portugueses ao ver as armas apontadas e prontas a disparar, num clamor de raiva e de desespero gritou – Se nos querem matar, matem-nos agora!!! Porque é isso que nos vai acontecer a todos! – É o que esse homem quer!!! – Gritou alguém de entre a multidão.
A porta de entrada foi arrombada sem demasiada dificuldade, e quando os primeiros entraram no Palácio, Rosa Coutinho que se encontrava escondido apareceu e as suas únicas palavras foram:  "O que é que vocês querem? Vão-se embora!". Perante tal arrogância e prepotência, uma portuguesa, Maria Emília Ferreira, comerciante no mercado do Kinaxixi, e moradora no bairro da Cuca, destacou-se de todos e dirigiu-se directamente a ele ameaçando matá-lo com as suas próprias mãos, agarrando-o pela camisa, que na tentativa de fuga foi rasgada, ficando um botão na mão de Maria Emília Ferreira. Houve mesmo quem o agarrasse pelo pescoço. Cercado, pálido e a tremer de medo Rosa Coutinho saltou para cima da secretária exigindo a protecção das tropas abrileiras presentes, que já tinham pedido reforços ao quartel-general. Quando chegaram, dezenas, armados com metralhadoras, nas viaturas do exército, o fantoche fugiu por uma janela da parte de trás do Palácio.
Perante a fuga do fantoche vermelho, essa multidão de portugueses rodeados por dezenas de vagabundos militares abrileiros com armas nas mãos apontadas, sob ameaças de dispararem, desta vez com argumentos mais "persuasivos" com disparos para o ar, foram obrigados a abandonar o local. Enquanto se afastavam gritavam que haviam de o matar. E, percorreram as ruas da cidade ao som das buzinas das viaturas ligeiras, camionetes e camiões em manifestação de protesto, revolta, e desespero contra a índole criminosa, a tirania, e o cinismo deste infame traidor e assassino vermelho. A partir desse dia, Rosa Coutinho acoitou-se no alto mar a bordo de uma fragata da Marinha, e nunca mais foi a terra sem se fazer acompanhar de um pelotão de abrileiros armados. 
A partir dos meados do mês de Outubro e durante o mês de Novembro de 1974, o desembarque de cubanos passou a ser mais frequente (ainda que discretamente), perfazendo no ano seguinte 1975, e 1976 o total de 300.000 soldados, assomando assim a guerra civil que se alastrou a todo o território angolano e o domínio do mesmo pelos russos através das tropas cubanas, e do MPLA.
 *P.102

 Do Livro "LONGE É A LUA" - Memórias de Luanda-Angola, de Rogéria Gillemans. Op. cit., P.98 a 102, ISBN 978-989-20-1341-1. Reservado o direito de autor, previsto e protegido pela Lei, como tal, a sua cópia total ou parcial não autorizada é um acto ilícito passível de acção, previsto na Lei!

1975 - OS COMISSÁRIOS MFA E A AGONIA DE ANGOLA.

Com a ânsia do poder o MPLA sob a conveniência e negligência destes comissários enviados de Lisboa pelo MFA, Angola foi ainda mais rapidamente para um banho de sangue.
O Comissário, António da Silva Cardoso, fugiu, abandonou povo e território de Portugal, voou para casa para consultas em Lisboa, ele deixou para trás uma terra rasgada e sangrando, a decomposição dos cadáveres, contaminados, pelas cidades, e falta de abastecimento de água (abastecimento sabotado pelos bandoleiros). O combate entre os movimentos rivais engolia o último território Africano de Portugal e à causa dos ditos Comissários levantou desde o início a perspectiva de uma transição não ordenada a 11 de Novembro 1975.
Estima-se que 4.000 pessoas, a maioria negros, morreram nos combates desde o início do ano de 1975 até ao dia 11 de Novembro, onde a luta se tinha concentrado na capital, Luanda, e onde grupos rivais se impunham em duelos de artilharia pesada, passando ao norte e centro do território e para o enclave de Cabinda que é rico em petróleo. Ao norte alguns dos mais sangrentos combates ocorreram em torno de Malange, e na área de cultivo de café a 250 milhas a leste de Luanda.
Devido aos grupos armados, a maioria menores de idade, que atacavam as viaturas nas estradas que ligavam as cidades e as vilas do interior à capital, e onde famílias inteiras de portugueses foram assassinadas quando fugiam para Luanda. Os portugueses das zonas norte e centro decidiram partir em direcção ao sul, formando um enorme comboio de viaturas ligeiras e pesados, essa rota foi considerada perigosa, era necessária protecção militar, solicitada essa protecção as tropas portuguesas de Abril recusaram fornecer uma escolta armada. Apesar dos perigos, a maior parte desse comboio chegou com segurança a Nova Lisboa, a segunda maior cidade de Angola, onde já se encontravam 20 mil refugiados brancos à espera de evacuação. Cena caótica. Outros seguiram ao longo da costa do Lobito para o sul, Namibe/Moçâmedes, rumo às fronteiras com o Sudoeste da África e da África do Sul, ao longo do percurso iam-se juntando outras viaturas de portugueses das várias vilas e cidades do sul de Angola.
Luanda era uma cena caótica as pessoas fugiram dos combates nos subúrbios e lotaram o centro da cidade em busca de protecção. Milhares de negros atolados nas praias à espera de barcos com destino aos portos mais tranquilos que, ainda, existiam no norte, enquanto os brancos acampados na capital, no aeroporto Craveiro Lopes, clamando pelos voos de Lisboa. Para lidar com a crise de emergência começaram por seis aviões por dia, aumentando os voos por dia quando a França se junta ao esforço de evacuação, as autoridades estrangeiras chamaram ao envio de aviões de "ponte aérea de emergência do caos", mesmo assim, era duvidoso que o transporte aéreo fosse capaz de acomodar todos. Praticamente todos os 430 mil portugueses brancos que ainda restavam queriam sair, e ninguém tinha a certeza de quantos africanos de Angola, estima-se 5.400.000 negros, tentariam sair.
No norte, mais de meio milhão de angolanos negros fugiram para o Zaire, durante a guerra (no retorno em antecipação da "independência" foram-lhes cortadas as fontes de alimento e ameaçados pela fome).

 Altas patentes do Movimento das Forças Armadas de Portugal deram o aval ao envio de tropas cubanas e armas soviéticas para Angola em 1975, escreve nas suas memórias Oleg Najestkin, antigo agente secreto soviético.
 

                                              Rogéria Gillemans

ANGOLA ERA ASSIM, ANTES DO 25 DE ABRIL DE 1974.

OS MENINOS DE ANGOLA NA PAZ E NO PROGRESSO

O lanche nas escolas.
Refeicão, almoços nas escolas.

Alunos da escola primária junto ao Baleizão 
(restaurante, café e gelataria), na baixa de Luanda.
               
A prova da coca-cola ou o saudável e harmonioso 
convívio das gentes de Angola!

Luanda 1967,visita a Angola
 do Primeiro Ministro Excelentíssimo Prof. Dr. Marcelo Caetano.

 
Escoteiros,
um grupo de jovens fazem juramento sobre a Bandeira Portuguesa. 


 ANGOLA ANTIGA     

A vida árdua de quem construiu Angola.
Enfrentando todo o género de vicissitudes, mas sempre com sorriso reconfortante, na extraordinária confiança no futuro. 


 Angola-Luanda de 1958 a 1974.




QUEM NOS EXPLICA PORQUE ESTAMOS CÁ? 
Que infantilidade foi essa de abandonar um povo inteiro, sem ao menos ter em conta os seus direitos indiscutíveis!  A Democracia prometida e a consulta popular que ela consubstancia haveriam de convergir para uma solução de independência, de paz, de progresso e de bem estar social para todo o povo. Muitos de nós, nascidos ou criados em Angola, brancos, negros e mestiços (ingénuos) pensávamos que nenhuma decisão seria tomada sem ouvir o povo, esse povo que se viu sem Pátria e a sua honra perdeu-se no lodaçal do sangue e do medo dos que ficaram, e dos que fugiram em pânico e em raiva daquela Angola tão nossa, fecundada com o suor do esforço do trabalho dos nossos antepassados, dos nossos país e dos seus filhos (durante cinco séculos), calcinados no enorme braseiro ateado pela traição, das ambições desmedidas e do crime, e há-de repercutir-se na fome e na miséria que se vislumbra no futuro comum. 
O povo de Portugal abandonado e a bandeira portuguesa arriada, pela soldadesca criminosa de Abril, dos altos onde flutuava ao sol de Angola, vai desbotar com certeza, e um clarão de vergonha, uma espécie de fogo-fátuo iluminará num relâmpago a História de Portugal, e mergulhá-los-á nas trevas da ignomínia e da ira.

A "DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR" ( II ).

DO LIVRO "LONGE É A LUA, MEMÓRIAS DE LUANDA - ANGOLA".
Angola de território "cosmopolita português" foi transformado num qualquer país africano, passando pelo assassinato de mais de 2 milhões de africanos, europeus e euro-africanos, e a destruição das vidas construídas em Angola de centenas de milhares de portugueses europeus. A guerra civil foi particularmente feroz no interior, empurrando para a capital vários milhões de pessoas, a maioria estrangeiros dos países vizinhos que se aproveitavam dessa guerra, a população de Angola era até 1974 de 5.673 milhões de habitantes, passou para 15 milhões. Em 1975, as infra-estruturas de águas e saneamento estavam calculadas para 600.000 habitantes. A cidade abriga hoje 4 milhões e 100.000 habitantes (números fornecidos pela ONU e pela ACNUR, Handbook on Voluntary Repatration). Angola desde 1975 vive entre o afro-comunismo e o petro-dólar. Luanda é a cidade mais cara do mundo, a classificação que melhor a define actualmente é, LIXO, LUXO e COLONIALISMO.
A cidade de Luanda não passa de uma gigantesca lixeira a céu aberto. Luanda é um caos onde se misturam sem pudor o lixo e o luxo, as doenças e os milionários, o petróleo e a fome, a miséria e a morte, o abandono das crianças que vivem nos esgotos e o tráfico de drogas e de diamantes.
Por todo o lado existem milhares de mutilados e milhares de diamantes, hotéis de cinco estrelas e milhares de barracas, a miséria e as festas milionárias, as minas anti-pessoal por desactivar por toda a parte, e minerais por explorar e, angolanos que morrem à fome ao lado de imundícies infectas, e stands de automóveis de luxo, anúncios de telemóveis e computadores, sistemas de ar condicionado para casas dos milionários, e bares sumptuosos…
Luanda foi transformada numa das cidades mais perigosas do mundo, onde a criminalidade atinge índices alarmantes. A dois passos de distância do fausto, da riqueza e da ostentação, a podridão e a miséria, as doenças degenerativas, os esgotos a céu aberto onde as crianças brincam, vivem, e tomam banho, a insalubridade nauseabunda e repugnante...
Segundo as estatísticas do governo dos EUA a produção de petróleo em 2005 foi de 1,6 milhões de barris diários ou, seja, a 19.ª do ranking mundial. O salário mínimo é de 50 dólares por mês, 70% dos 15 milhões de angolanos vivem abaixo da linha de pobreza com 1,7 dólares por dia. Certos dados macroeconómicos informam que a inflação passou em 2002 para 350%.
A guerra acabou com a agricultura (não se cultivam mais de 5% das terras aráveis, segundo a FAO) e paralisou a actividade industrial, destruiu a rede de estradas e caminhos-de-ferro e arrasou áreas enormes. Muitos angolanos acabam de conhecer o dinheiro saído do tráfico dos diamantes e da cocaína. A corrupção e a violência domina Angola.
 *P.137

A presença de executivos estrangeiros é tão notória que chega a ser insultuosa, os oito hotéis de Luanda (cuja diária ultrapassa 160 euros) estão sempre cheios, e durante a noite nos bares de luxo veêm-se desfilar impudicamente com atitudes e gestos marcadamente colonialistas.
Quando se pergunta a um natural de Angola "como é possível a existência de semelhante barbárie num país tão rico?" Temos sempre a mesma resposta:
-"A população sente-se profundamente revoltada e indignada com o governo e com o regime mas tem medo de falar, o MPLA cortou a cabeça a muitos milhares de angolanos em 1977, e por isso vive-se entre o terror e a repressão."
Por outro lado existe profusão de etnias dos países vizinhos, e de outras raças que se fixaram em Angola colonizada por russos, cubanos, chineses, etc...
Actualmente pelos angolanos mais simples do povo não é raro ouvir-se quando encontram um português - "Que a guerra e a pobreza foi a "descolonização" que não acaba".
Falar de paz em Angola é tergiversar a verdade dos factos, em Cabinda a guerrilha de separatismo do enclave é um facto. Como o surgimento das guerrilhas tribais e a revolta dos sobreviventes e órfãos dos massacres praticados pelo MPLA, russos e cubanos. Ao longo de três décadas de guerra morreram mais de 2 milhões de seres humanos; 4.1 milhões foram deslocados internos; 436.000 levados para os países vizinhos: Zâmbia, Congo-Brazzaville, República Democrática do Congo.
O número de mutilados civis resultado de minas anti-pessoal é de 80.000.
Não constam neste relatório as milhares de vitímas que foram selvaticamente espancadas e torturadas, vindo a morrer ao longo dos anos, e outras pelos traumas tornaram-se vegetativas.
Rafael Marques, jornalista e activista dos direitos humanos, natural de Malange, trabalhou para a Open Society Institute em Angola, fez um relatório sobre os direitos humanos em conjunto com Rui Falcão de Campos, onde denuncia a escravatura a que foi submetida a população das Lundas (Malange), onde os lundas são tratados pior que escravos.
Refira-se que é em Malange que se encontra a Diamang, a companhia de exploração de diamantes. *P.138


Do Livro, "LONGE É A LUA" - Memórias de Luanda-Angola, de Rogéria Gillemans,
Op.cit., P. 137 a 139, ISBN 978-989-20-1341-1.
NOTA- Reservado o direito de autor, previsto e protegido pela Lei, como tal, a sua cópia total ou parcial não autorizada é um acto ilícito passível de acção, previsto na Lei!

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