A CHAMADA "DESCOLONIZAÇÃO" ASSENTOU EM LEI ANÓNIMA AQUANDO DA EXISTÊNCIA DE GOVERNOS PROVISÓRIOS SEM LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL.

O PROCESSO DA TRAIÇÃO: Este poderia muito adequadamente ser a designação de causa posta em tribunais sobre a (descolonização exemplar). Talvez mais expressiva do que a da cadeia, será - O JUÍZO DA HISTÓRIA -.

ALVOR, A ENCENAÇÃO DE UM CRIME PREMEDITADO.

ALVOR, NOS BASTIDORES DA CONJURA, A CONSPIRAÇÃO, A TRAIÇÃO
E OS CO-AUTORES E AUTORES DO GENOCÍDIO EM ANGOLA:
 Da esquerda para a direita: Melo Antunes, Rosa Coutinho, Agostinho Neto, Costa Gomes, Holden Roberto, Jonas Malheiro Savimbi, Mário Soares, Almeida Santos. 
Este grupelho tratava em traição o chamado acordo de Alvor com duas versões:
- Uma versão junto aos jornalistas, UNITA, FNLA e público em geral: 
 "a auto-determinação para referendo e eleições que dariam lugar à independência de Angola".
- Outra versão e oculta ao público:
 "nos bastidores com Agostinho Neto, era feito o acordo na entrega de Angola aos soviéticos, e ao MPLA com colaboração e intervenção de Cuba".



Alvor, 15 de janeiro de 1975, da esquerda para a direita:
Almeida Santos, Agostinho Neto do MPLA, Melo Antunes, Holden Roberto da FNLA, Mário Soares, e Jonas Savimbi, UNITA. Os traídos: Holden Roberto, Jonas Savimbi, e o povo inteiro de Angola.


Telegramas do almirante-Vermelho, Rosa Coutinho, enviados de Angola para a Presidência da República. Onde é manifesta a decisão da entrega de Angola ao MPLA.

O Gen. Spínola encontrava-se num estado de grande depressão. Chegara ao ponto de chorar abertamente durante uma das audiências. Sentia-se que estava submetido às maiores pressões contra as quais mal podia reagir.
Desabafara afirmando que estava "rodeado por covardes e traidores".
Contou toda a história das negociações, afirmando que nunca transigiria com o que lhe queriam impor.
Quando se mencionou o nome do Maj. Melo Antunes, o Gen. Spínola não se conteve gritando que:
"esse é um comunista, não tenho já dúvidas a tal respeito".

Referiram a possibilidade de ele ser nomeado para Moçambique (como os jornais haviam largamente noticiado) e o Gen. Spínola Chefe de Estado na altura acrescentou:
"Se isso acontecer há que abatê-lo. Têm três dias para lhe darem um tiro na cabeça".
A ninguém ocorreu objectar que seria mais simples não chegar a nomeá-lo, uma vez que essa prerrogativa pertencia ao Chefe de Estado. Ainda mais simples teria sido prendê-lo em vez de oficiais considerados patriotas (como o Ten. Cor. Alexandre Lousada, o Com. Almeida e Costa e o Maj. Casanova Ferreira) aceitarem fazer parte do séquito de um "comunista" na sua triunfalista deslocação a Lusaka.


Melo Antunes.
Efectivamente, já existia há semanas as negociações entre Melo Antunes e o sector extremista da "Frelimo". Manobraram coordenadamente as próprias fórmulas de transigência vergonhosas e de crime que Mário Soares e Almeida Santos haviam proposto e foram substituídas por outras igualmente perniciosas e de crime nessa corrida por Melo Antunes com a influência de Mário Soares.
As parangonas com que essa capitulação era anunciada nos jornais, tornavam o ambiente escaldante entre os amigos que entravam de roldão pelo quarto. Sentiam-se traídos e dispostos a adoptarem, imediatamente, o abandono do país ou um acto de desespero.
A Johannesburg chegava o que se passaria em Moçambique.



General Costa Gomes, e General António de Spínola.





A TRAIÇÃO NA CONJURA DA TROIKA.

Esquerda- Vasco Gonçalves, ao centro- Costa Gomes, lado direito- Pinheiro de Azevedo.

                                                           General Costa Gomes
aquanto comandante da Região Militar de Angola, pelo seu apoio e colaboração com a Polícia Internacional e de Defesa do Estado foi agraciado com um crachá de ouro da PIDE-DGS e uma metralhadora AK-47 apreendida ao MPLA pelos Flechas, rejubilou com a oferta. Nunca faltou a uma festa em homenagem aos Flechas, nem aos faustosos jantares à base de lagosta. Pela fuga do General António de Spínola para Espanha, Costa Gomes foi Presidente da República entre 1974 e 1976, e, nada fez, absolutamente nada, para impedir o derramamento de sangue pela traição planeada contra Angola. No fim da sua vida, pouco antes de morrer, num expurgar de consciência pela sua passividade e conivência moral nos crimes, disse:
 "O que aconteceu em Angola foi um Crime."


UM LUNÁTICO, E DOIS ASSASSINOS:

Esq.Vasco Conçalves, centro Otelo de Carvalho, direita Rosa Coutinho.

Rosa Coutinho (que se auto-promoveu a almirante logo a seguir ao 25 de abril) tinha recebido instruções "expressas" em Lisboa.
Rosa Coutinho não recebera essas instruções do Gen. Spínola com o qual afirmava não estar nas melhores relações. Sabia-se, porém, da sua estreita ligação com o Gen. Costa Gomes que veio a confimar-se quando da crise de 28 de Setembro e a revelar-se, abertamente, nos acontecimentos que se lhe seguiram.
Em Agosto, Melo Antunes aparecia como o negociador da descolonização, haveria de vir a ser mais tarde, depois de 11 de Novembro de 1975, o defensor do reconhecimento do governo do "MPLA", antecipando-se, mesmo, à ocupação cubana e soviética.

Por isso não aceitara ser nomeado para Moçambique. Tinha outra missão a cumprir. Levou-a a cabo com êxito, apoiado pelo Gen. Costa Gomes que viria a tomar a atitude de reconhecer oficialmente esse regime, quando estava ausente de Lisboa o Primeiro-Ministro Pinheiro de Azevedo e outros membros do governo que a tal decisão igualmente se opunham.
É difícil entender as declarações de Almeida Santos exaltando os acordos do Alvor quando, nessa altura, a entrega de Angola estava já decidida há muito.
Sem que se possa atenuar a tremenda responsabilidade do "almirante Vermelho" na tragédia que Angola veio a sofrer, haverá de reconhecer-se que não esteve sozinho para isso, e reacenderam-se os compreensíveis rancores que conservava em resultado dos abusos, físicos e morais de que há anos fora vítima às mãos da FNLA.
Não foi capaz de esquecer. Não foi capaz de resistir ao anseio de vingança. Delirou com os nefastos acontecimentos dos quais procederia a tragédia e o genocídio.
E um povo inteiro e toda Angola pagou pelo seu rancor.



Rogéria Gillemans



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