E A SUA CONTRIBUIÇÃO NA VALORIZAÇÃO DA SOCIEDADE PORTUGUESA.
O êxodo maciço dos portugueses de Angola desde o início de Junho a início de Dezembro de 1975, cinco meses e meio, para evacuar mais de meio milhão de pessoas que tomaram parte dos voos da chamada "Ponte Aérea" que os desembarcavam diariamente no aeroporto de Lisboa em contingentes sucessivos.
São suficientemente conhecidas as deploráveis condições em que os Portugueses de Angola chegaram a Portugal, alguns apenas com as roupas que tinham vestidas no momento do embarque, por não terem tido tempo nem possibilidade de voltar aos lares de onde tinham sido expulsos a ferro e fogo, para salvar as vidas, ou porque fugiram em pijama das suas casas durante a noite quando dormiam. Outros nem o relógio de pulso ou aliança do casamento deixados em cima da mesinha de cabeceira puderam trazer. As suas casas ficaram com todo o recheio, as despensas das cozinhas e os frigoríficos abastecidos.
Para esboçar o retrato desses portugueses serve um estudo realizado por um grupo de universitários prefaciado por uma Secretária de Estado de um dos Governos pós 25 de Abril, editado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento, para nesse momento e nesse local, traçar um RETRATO DE CORPO INTEIRO dessa Gente Honrada, de Trabalho, de Querer e de Dar, e da sua contribuição para a revitalização e valorização da sociedade portuguesa.
* O apuramento realizado pelo Instituto Nacional de Estatística em 1978, citado pelo referido grupo de universitários no estudo que consultámos, referia a existência de 505.078 portugueses brancos entrados no país e inscritos como «retornados do Ultramar».
Em termos percentuais esses 505.078 portugueses representavam pouco mais de 5% do total da população nacional. Este número corresponde apenas aos portugueses que se inscreveram, já que o número de portugueses brancos em Angola era superior, do último recenseamento efectuado em 1973 constavam 670 mil brancos em Angola; no mês de Agosto de 1974, 30.000 portugueses fogem para Lisboa, e a partir de Fevereiro de 1975 registavam-se contínuas saídas, ainda que de algumas dezenas de portugueses para Lisboa e para outros países: África do Sul, Canada, EUA, Brasil, Argentina, Venezuela, Inglaterra, França, Austrália, etc...
A partir de Abril e Maio, em especial a 3 de Junho de 1975, começava o grande êxodo nos voos de Luanda para Lisboa. No Aeroporto de Luanda encontravam-se centenas de portugueses fugidos das cidades do interior sob a protecção e cuidados da Cruz-Vermelha há espera de transporte. A Ponte Aérea criada pela urgência da saída dos milhares de portugueses.
Moçambique: Portugueses brancos 250 mil, embora centenas de portugueses de Moçambique optaram por outros países. Alguns milhares de portugueses de Timor; alguns de Cabo–Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, perfaziam 1 milhão de refugiados na Metrópole (Portugal). Milhares de portugueses do Ultramar, caso específico de Angola, não se registaram, foram acolhidos pelos seus familiares nas aldeias, vilas, e cidades do país. Quer sejam os que vieram antes do início da Ponte Aérea, como muitos que vieram nos aviões da Ponte.
505.078 refugiados (não correspondem há realidade) trata-se de número fornecido durante a imposição do comunismo/socialismo autores do Drama e dos Crimes em que mergulharam as Províncias Ultramarinas, o número real de refugiados não lhes era conveniente divulgar.
Ainda assim, segundo essa Estatística baseada em 505.078 portugueses refugiados, um pouco mais de metade, exactamente 298.968, eram nascidos ou oriundos da Metrópole, e portanto os restantes 206.110 eram portugueses nascidos nas províncias ultramarinas. Por enquanto trata-se apenas de distinguir entre portugueses oriundos da Metrópole que regressavam ao país de origem ou de opção, e portugueses nascidos nas Províncias Ultramarinas e aos quais, e só por isso, pela perfídia de uns e crimes de outros, parecia querer negar-se a qualidade de, também, serem portugueses...
505.078 refugiados (não correspondem há realidade) trata-se de número fornecido durante a imposição do comunismo/socialismo autores do Drama e dos Crimes em que mergulharam as Províncias Ultramarinas, o número real de refugiados não lhes era conveniente divulgar.
Ainda assim, segundo essa Estatística baseada em 505.078 portugueses refugiados, um pouco mais de metade, exactamente 298.968, eram nascidos ou oriundos da Metrópole, e portanto os restantes 206.110 eram portugueses nascidos nas províncias ultramarinas. Por enquanto trata-se apenas de distinguir entre portugueses oriundos da Metrópole que regressavam ao país de origem ou de opção, e portugueses nascidos nas Províncias Ultramarinas e aos quais, e só por isso, pela perfídia de uns e crimes de outros, parecia querer negar-se a qualidade de, também, serem portugueses...
Porém, o que é realmente importante, e mostra insofismavelmente que esses portugueses vieram rejuvenescer e evoluir a sociedade portuguesa, é a observação desses dados estatísticos quando entra na discriminação etária, cultural e profissional dos portugueses das províncias ultramarinas. Assim, sob tais aspectos, verifica-se que: daqueles 505.078, 65,5% tinham menos de 40 anos e constituíam portanto uma parcela válida. Mas acima dos 40 e até aos 64 anos a percentagem era de 29,8% - todos sabem como no Ultramar os homens até aos 60 anos eram uma das parcelas mais válidas das populações, senão em energias físicas pelo menos em saber e experiência acumulada. Além disso, do seu total, 52,74% eram homens e apenas 47,26% mulheres — o que pressupõe uma maioria de braços válidos para o trabalho. Porém, um dos aspectos mais importantes desta notação estatística, é aquele que refere que a população que fugiu à guerra era em regra profissional e intelectualmente mais bem preparada do que a da metrópole, pois que do recenseamento efectuado, resultava que: 48,4% tinha instrução primária (numa época em que na metrópole havia mais de 26% de analfabetos); e dos restantes 51,6%, descontando apenas 6,5% de não-alfabetizados constituídos, exclusivamente, por crianças com menos de 8 anos de idade, havia 8,5% de possuidores de cursos superiores incluindo médicos, professores universitários, investigadores, engenheiros, advogados, etc., e mais de 30% possuíam cursos médios, secundários e profissionais. Uma percentagem elevada falava no mínimo duas línguas português e inglês.
Com a entrada dos portugueses do Ultramar, a sociedade portuguesa foi subitamente enriquecida com mais de 5.000 mil engenheiros, arquitectos e técnicos dos mais elevados graus e ramos da engenharia civil e de minas, de industrias transformadoras e outras; cerca de 1.800 biólogos, agrónomos, investigadores dos ramos fisico-químicos e similares; quase 13.000 professores e outros docentes de todos os ramos do ensino, desde o primário ao universitário; 325 navegadores, pilotos e outro pessoal especializado da navegação aérea e marítima; cerca de 16.000 quadros de serviços administrativos e outros, desde estenógrafas a operadores de informática. No sector da produção, a força do trabalho metropolitana foi enriquecida com mais 13.000 mecânicos especializados; cerca de 7.000 serralheiros civis, montadores de estruturas metálicas, caldeireiros e profissões similares.
A construção civil, cuja maior força de trabalho tinha emigrado para os países da Europa, foi enriquecida com 13.000 pedreiros, carpinteiros e outros profissionais dos mais diversos ramos. As indústrias transformadoras foram enriquecidas com mais 12.000 operários especializados, desde os ramos têxtil ao da alimentação e bebidas, da mecânica fina ao mobiliário. O sector dos transportes viu-se repentinamente valorizado com a entrada de mais 13.000 condutores de veículos pesados e de transportes públicos. No sector agro-pecuário surgiram mais 16.000 capatazes e condutores de trabalhos agrícolas, de maneio e tratamento de gados ou de exploração florestal, em escalas que, em muitos casos, não eram conhecidas neste país.
Vieram ainda cerca de dez mil trabalhadores dos ramos de hotelaria, restaurantes e similares, cozinheiros, ecónomos e outros. Porém, e talvez mais importante ainda que as suas especializações profissionais, os portugueses brancos das Províncias Ultramarinas trouxeram à força de trabalho: a contribuição valiosíssima da disciplina, da produtividade, da assiduidade, que rapidamente os distinguiram (e não raro os tornaram detestados...) num ambiente em que apenas se falava de postos de trabalho... mas não se trabalhava; em que o absentismo ascendeu a taxas inconcebíveis, em que os locais de trabalho se transformaram em centros de organização de manifestações vermelhas, e de rua, a propósito de tudo e de nada.
Estes dados e números, serão suficientes para desfazer a desinformação acerca do valor e, das qualificações profissionais sobre os Portugueses do Ultramar. Na realidade, e a despeito da Tragédia e das desgraçadas condições em que se desenrolou a sua fuga de Angola para Portugal por opção pelas circunstâncias, o fluxo destes portugueses constituiu na realidade um indiscutível e precioso factor de valorização da sociedade portuguesa em praticamente todos os sectores da vida nacional. Na realidade foram a força motor para a evolução do país. Ademais a isso estavam habituados, além-mar transformaram as selvas em civilização, em produção e em progresso.
Rogéria Gillemans.